quarta-feira, 21 de abril de 2010

Abre o olho, Dunga!

Eduardo Tessler (de Porto Alegre/RS)
Para o site do Terra

O simpático Dunga é o único dos sete anões de Branca de Neve que não fala.

O nem tão simpático Dunga, treinador da Seleção Brasileira, também não gosta muito de utilizar as palavras. E quando fala, diz pouco.

- A seleção da Copa não vai ter surpresas - anunciou há poucos dias, antecipando que no dia 11 de maio o Brasil conhecerá os nomes dos 23 jogadores que defenderão a Seleção na África, sem novos nomes.

Não importa que o Santos tenha montado uma das melhores equipes da era pós-Pelé, com craques como Neymar e Paulo Henrique Ganso. Não importa que grandes jogadores surgiram nos estaduais do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e de São Paulo. Dunga já tem sua lista. Tal qual o anão de Branca de Neve, ele se cala. Assim não precisa explicar como pode pensar em deixar no Brasil esses jovens talentos que decidem jogos.

Há 15 jogadores 100% confirmados na lista de Dunga. São eles:

1. Julio Cesar - Está em grande forma, é titular indiscutível - apesar da marra.

2. Maicon - O melhor ala do mundo, segredo do sucesso da Inter de Milão.

3. Daniel Alves - O segundo melhor ala do mundo. Seria titular em qualquer seleção, exceto onde joga Maicon.

4. Lúcio - Já não é o mesmo, mas ainda mete medo. Precisa cuidar das bolas nas costas.

5. Juan - Voltou bem de lesão e está muito bem na Roma.

6. Luisão - Não vem se destacando no Benfica, mas é da turma de Dunga.

7. Michel Bastos - Famoso pelo chute forte, mas muito fraco na cobertura. Não deixou saudade no Grêmio ou no Atlético Paranaense. No Lyon joga mais avançado, um prato cheio para os atacantes adversários.

8. Felipe Melo - Vem se alternando entre um lugar no banco da decadente Juventus e uma atuação ruim. Foi considerado pela imprensa italiana como a pior contratação da Juventus nos últimos 3 anos. No Brasil passou apagado por Flamengo, Cruzeiro e Grêmio. Uma arma secreta... para os adversários.

9. Gilberto Silva - Aos 33 anos, não está com a garra da Copa de 2002. Hoje é um jogador disciplinado no futebol grego, uma espécie de Série B da Europa.

10. Elano - Fracassou no futebol inglês e hoje tenta recomeçar no Galatasaray da Turquia, também Série B da Europa.

11. Kaká - Craque, indiscutível, uma das contratações mais caras da história do futebol mundial. Mas no Real Madrid não repete as ótimas temporadas do Milan. Está parado há 5 semanas, por lesão na coxa, e reclama de dores no púbis.

12. Luis Fabiano - Está em grande forma no Sevilha. É goleador.

13. Nilmar - É uma ótima opção para o ataque, um bom reserva, da confiança de Dunga.

14. Robinho - Titular do Santos e da Seleção. Não apresenta mais o futebol alegre de antes, mas é titular de Dunga.

15. Adriano - O imperador pode aprontar à vontade, errar pênalti em decisão, engordar 10 quilos, mas é certo na lista de Dunga.

Nas 8 vagas que sobram, duas são para o gol. Estão na briga:

* Victor - O melhor goleiro em atividade no Brasil. Estranhamente foi esquecido por Dunga nas últimas convocações.

* Doni - O preferido de Dunga é reserva do também brasileiro Júlio Sérgio na Roma. Fora de forma, seu último clube no Brasil - onde não foi bem - foi o Juventude.

* Gomes - O goleiro do Tottenham está em forma, mas sem qualquer destaque.

* Hélton - Andou tomando alguns frangos no Porto e já é contestado pela torcida.

Das 6 vagas para a linha, uma deverá ser para a ala esquerda, onde o veterano Gilberto (reserva no Cruzeiro) é favorito frente a Marcelo, do Real Madrid, e André Santos, do Fenerbahçe (Turquia). Se Dunga observou jogos dos três em 2010, vai André Santos.

Um lugar também é de um zagueiro. Thiago Silva é favoritaço, mas Dunga já experimentou Miranda por ali também. Thiago vem jogando muito bem no Milan, deve ser confirmado. Sobram 4 vagas e aí mora o grande problema. Dunga quer mais um ou dois volantes. Lucas, do Liverpool, é quem está em melhor fase. Mas Dunga morre de amores por Kleberson, reserva do Flamengo. Correm ainda Ramires, altos e baixos no Benfica, e Josué, que vem fazendo um discreto campeonato alemão pelo Wolfsburg.

Mais 2 lugares entre os 23. Dunga adora Júlio Baptista. Só que o ex-são-paulino é reserva na Roma. Não tem entrado. Está em sua pior fase no futebol europeu. Mesmo assim tem 99% de chance de estar no grupo. Ronaldinho Gaúcho, apesar de ser um dos melhores jogadores da história do Brasil, não tem vez com Dunga. Não adianta barbarizar no Milan. O treinador fechou as portas da Seleção para Gaúcho. Que pena. Ronaldinho poderia fazer a diferença.

Sobrou uma vaga. No ataque Dunga não confia em Pato. E não se encantou com Carlos Eduardo também.

Nas 22 posições preenchidas, falta quem faça a diferença. Falta o matador, o desequilíbrio.

Mas há uma posição aberta, quem sabe duas se Dunga entender que não é preciso levar dois alas pela esquerda, ou que quatro volantes quebradores de bola é exagero, ou mesmo avaliar que se há jogadores que hoje são reservas em suas equipes, o que farão na Seleção que pretende ser hexa?

Mas há luz no fim do túnel que liga o Brasil até a África do Sul. Alguém falou em Neymar e Paulo Henrique Ganso?

Abre o olho, Dunga. Na Seleção cheia de reservas e jogadores em maus momentos, é necessário ousar. Neymar e Ganso podem ser as surpresas, apesar de Dunga dizer que não haverá surpresas.

O argentino Messi está em seu melhor momento. A Argentina está melhorando jogo a jogo. Não há nada pior do que perder uma Copa para a Argentina. Tudo menos isso!

Abre o olho, Dunga!

Eduardo Tessler é jornalista e consultor de empresas de comunicação. Edita o blog Mídia Mundo

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Simpatia para tirar barriga

DÁ SUPER CERTO!!!!!!

Você vai precisar:
- Uma vela branca
- Um copo d'água
- Uma imagem de Santo de sua devoção
- Uma fita métrica.
Meça com a fita métrica a sua barriga, faça uma marca na fita com uma caneta, antes de enrolar a mesma na imagem do Santo.
Coloque tudo isso entre seus pés e deite-se no chão de barriga para cima. Toque então o santo com a ponta dos dedos (da mão) ...os pés não devem se afastar do chão...
Diga bem alto: SANTO!!! ME TIRA ESSA BARRIGA!





Repita isso 500 vezes por dia.
Você vai ver: é tiro e queda!...


Tenho certeza que vc consegue perder sua barriga!








kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Achou que era moleza, é???




Recebi da Michelle

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Assim Caminha a Humanidade: CASO NARDONI

Por Roberto Delmanto


Após quarenta e três anos de advocacia criminal, atuando tanto na defesa quanto na assistência de acusação, penso que o julgamento do casal Nardoni, realizado no final do mês passado e que abalou a opinião pública brasileira, não foi imparcial nem justo.
O excesso de publicidade em torno do caso desde o início, com ênfase nas provas técnicas coligidas pela polícia, os sentimentos arquetípicos envolvidos - morte de uma criança, pai e madrasta suspeitos e, logo depois, acusados - levou a um prejulgamento do processo.
Todos, ou quase todos, operadores do direito ou leigos - mesmo sem conhecer os autos - já tinham seu veredito: culpados do hediondo crime! E, por isso, odiados...
A revolta da sociedade, cansada da violência, da corrupção e da impunidade, a todos contaminou, exigindo-se uma punição exemplar.
Nos cinco dias que durou o júri, a tensão e a hostilidade atingiram níveis absurdos. Os familiares dos acusados eram vaiados quando adentravam ao Fórum, e seu advogado, além das vaias, quase foi agredido. Mesmo após o anúncio da sentença, comemorada com gritos e até fogos de artifícios, populares tentaram alcançar os camburões que conduziam os condenados ao seu destino. Outros, mais descontrolados, quiseram invadir o Fórum para agredir os familiares dos réus, tendo a Polícia Militar sido obrigada a lançar gás de pimenta para dissuadí-los...
E eu pergunto: nesse "clima de guerra", com a pressão da imprensa e da sociedade em patamar certamente inédito na recente história forense, havia condições para um julgamento justo e imparcial, como exige a lei, a moral, a garantia constitucional da presunção de inocência e o respeito à dignidade humana dos acusados? Acho que não.
Se os jurados optassem pela absolvição, como se garantiria a saída deles do Tribunal? Quais as represálias que sofreriam naquele momento e depois, como os familiares dos acusados que tiveram suas casas pichadas no dia seguinte?
Em outros países, como nos Estados Unidos, casos como este que mexem com o recôndito da alma, com os nossos sentimentos mais profundos e despertam paixões incontroláveis - correm em segredo de justiça, justamente para preservar e garantir a justeza e a imparcialidade do processo e, principalmente, do julgamento.
Entre nós, o Código de Processo Penal, em seu art. 20, caput, autoriza que a autoridade policial decrete o sigilo do inquérito quando "necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade". Na fase do processo criminal, o art. 155, caput, inciso I, do Código do Processo Civil, aplicável à ação penal por força da analogia permitida pelo art. 3º do Código de Processo Penal, prevê correrem "em segredo de justiça os processos... em que o exigir o interesse público".
Ora, manifesto é o interesse público e da sociedade em se garantir processos e julgamentos justos e imparciais.
No caso Nardoni, o sigilo do inquérito foi inicialmente decretado, mas, logo depois, desrespeitado. E, durante o transcorrer do processo, dele não mais se cogitou.
A inexistência de um processo justo e imparcial é o caminho mais fácil para o que, a meu ver, é a maior tragédia do processo penal: a possibilidade de um erro judiciário... Que eu, lamentavelmente, acredito ter ocorrido neste que é chamado "o julgamento da década".
Com efeito, como, senão sob forte emoção e pressão populares, aceitar a tese da acusação de que um pai - que não se provou nem se alegou ser louco - jogou pela janela uma filha viva? E isso para ocultar uma suposta tentativa de homicídio por parte da madrasta? Ou seja, consumar um homicídio para encobrir uma tentativa? Praticar o mais para esconder o menos?
Há uma máxima forense que diz que "o que não está nos autos não está no mundo". Quer dizer: as partes e o juiz só podem se basear nas provas que constam do processo. A realidade mostra, todavia, que, muitas vezes, acontece justamente o contrário: nem tudo que está no mundo está nos autos...
Uma hipótese muito suspeita não foi, no caso, investigada.
Refiro-me a um policial militar que, trabalhando em uma guarnição da região, foi a primeira pessoa estranha que, sem ter sido chamada, foi vista no prédio instantes após a queda da menina. Sua presença no local está documentada pela televisão. Meses depois, o referido policial militar foi alvo de uma investigação que apurava a prática de pedofilia por membros da corporação. Com autorização da Justiça Militar, interceptado seu telefone, descobriu-se que ele tentava conseguir um encontro com uma menina de cinco anos, a mesma idade de Isabella. Decretada sua prisão provisória, oficiais foram até seu apartamento para cumprí-la. O policial militar pediu para ir ao banheiro antes de acompanhá-los. Aí, entrou no banheiro, trancou-se e suicidou-se com um tiro... O fato foi noticiado pela imprensa.
Ao que sei, esse caso de pedofilia não foi, entretanto, levado aos autos, não tendo sido requisitada cópia de toda a investigação policial-militar realizada. O que talvez ainda possa ser feito na apelação, com a conversão do julgamento em diligência, ou em uma futura revisão criminal. Isso, se não for aceito o protesto por novo júri, que a meu ver deve aplicar-se a esse caso, por ser sua abolição posterior aos fatos e envolver direito material concernente à pena. É a ultratividade da lei penal ou mista (penal e processual penal) mais benéfica.
A grande maioria das pessoas, leigas ou não, considerou, contudo, as provas técnicas suficientes, o julgamento imparcial e a condenação justa. Diminuiu-se o sentimento de impunidade, aplacaram-se as consciências e silenciaram-se os sentimentos inconscientes. O casal voltou aos presídios em que estavam para cumprir suas penas, e eles e o caso tendem a, progressivamente, ser esquecidos.
Até que surja um novo episódio criminal a despertar as mesmas emoções e paixões coletivas, e o prejulgamento da mídia e sociedade, comprometendo o sagrado direito de todo acusado a um processo e a um julgamento justos e imparciais, afastando o perigo, sempre presente, de um erro judiciário.
E, entre risos e lágrimas, acertos e erros, mas sempre sem perder a esperança de que a justiça dos homens um dia se torne menos falha, assim caminha a humanidade...


Jornal Carta Forense, quinta-feira, 1 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Há bons políticos, por Pedro Roberto Decomain


Felizmente, bons políticos há. O que ocorre é que não se acham muito em evidência nos últimos tempos. A imprensa auxilia a trazer à luz os possíveis ilícitos da autoria dos que exercem o cargo para servir-se dele.

Mas estes, convenhamos, não chegam a ser maioria. O trabalho silencioso e diligente dos muitos outros, que efetivamente prestam bom serviço ao interesse público, nem sempre chama a atenção.

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que propõe que autores de ações populares e de ações por improbidade administrativa – promovidas estas últimas, na sua grande maioria, por membros do Ministério Público – possam ser responsabilizados se houver decisão afirmando que o ajuizamento teria sido temerário ou motivado pela promoção pessoal.

Não parece que o país necessite de tal dispositivo. O número de ações desta índole, que possam ter sido ajuizadas, unicamente, por interesse pessoal de seu autor, é praticamente nulo. No âmbito das ações por improbidade, os integrantes do MP só promovem ações desta natureza após rigorosos procedimentos. Quase sempre, a propositura vem precedida de um inquérito civil, no qual se conseguiu reunir evidências eloquentes do ato de improbidade. No mais, promover a ação judicial constitui o cumprimento de um dever para os membros do Ministério Público.

Assim como os bons políticos, também os membros do Ministério Público, em todo o país, desenvolvem um trabalho silencioso e diligente em prol da preservação do patrimônio público, da moralidade administrativa e dos imperativos princípios constitucionais, que, de modo geral, devem regular a atividade de todo o Estado: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

E é exatamente porque há muitos bons políticos, imbuídos de consciência cívica indiscutível, que não se crê mesmo na aprovação de projeto desta índole.




Associação Catarinense do Ministério Público