domingo, 27 de fevereiro de 2011

Quero...



Então, confesso. Quero.
Quero não precisar dizer mais nada e já saber-me no teu colo.
Quero não precisar fazer histórias, mas já ouvi-las em seus olhos, como se o amar pudesse ser de trás pra frente e soubéssemos todos os finais e nos bastasse desconhecer o início.
Quero tuas mãos grandes, teus olhos cansados, teu desejo tão novo e direto.
Quero que chegues e eu já não possa respirar.
Quero que me tire o fôlego, pode ser?
Quero adivinhar teu cheiro, encaixar-me em teus anseios, ignorar os abismos.
Quero não levar palavra nenhuma e encher-me do silêncio dos que desejam apenas.
Quero que o que eu não te digo seja como um grito, agora: gosto de ti.
Quero minha pele desenhada com teus projetos.
Quero que te percas nas minhas indicações e que tenhas como mapa apenas os meus olhos fechados e o arfar do meu peito.
Quero, em delicada urgência, ignorar o que não sabemos, não dissemos, não tivemos.
Quero o depois e quero agora. Porque eu já sei onde me encontro: no teu abraço que desconheço.
Confesso: tenho pressa, eu não conheço amanhãs.

Do Blog Borboletas nos Olhos

2 comentários:

  1. Que texto mais lindo, eu também quero encontrar uma pessoa para querer tanto e para depois ter tudo que quero. "Confesso: tenho pressa, eu não conheço amanhãs." Minha frase. Beijinhos e um ótima semana.

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